Imagens de satélite entregaram supressão de vegetação nativa; família Teló fará compensação ambiental
Por Anahi Zurutuza – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
Nem Michel Teló escapou da fiscalização ambiental em Mato Grosso do Sul. Um dos proprietários da Fazenda Esperança, em Campo Grande, o cantor que ganhou o mundo com a música “Aí se eu te pego” foi “pego” pelo Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) desmatando Área de Preservação Permanente na propriedade de 942 hectares na zona rural da capital sul-mato-grossense, onde há pouco tempo anunciou o início de “nova empreitada”.
Ele e a família – pai, irmão e tio, também donos da propriedade – decidiram plantar soja. Nas outras fazendas que possui – no Pantanal e em Minas Gerais –, a atividade principal sempre foi a pecuária.
O plantio começou em 2024, mas antes disso, um dos obstáculos enfrentados pelos Teló foi a regularização ambiental. Em abril do ano passado, o Imasul flagrou o desmate irregular de 1 hectare e meio na Fazenda Esperança por meio de imagens de satélite.
“Desmate de área de vegetação nativa em duas áreas distintas, somando 1,596 hectares, sendo que 0,604 hectares está localizado em Área de Preservação Permanente, e 0,992 hectares em área úmida de APP, na qual foi realizado a construção de um tanque. Ambas as áreas estão inserida em Área de Proteção Ambiental Municipal da bacia do Córrego Ceroula”, diz o laudo de constatação.
César Teló, registrado como o responsável no CAR (Cadastro Ambiental Rural) da propriedade, foi multado em R$ 4 mil. Além disso, o Imasul deu 60 dias – contados a partir de 25 de abril de 2023 – para que a fazenda apresentasse Prada (Projeto de Recuperação de Área Degradada e Alterada) e promovesse o licenciamento da área que sofreu a supressão vegetal que fica fora da APP.
Investigação e defesa – Como em todos os casos de desmatamento descobertos, a situação foi encaminhada ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) que, mais recentemente, em 28 de junho, instaurou inquérito civil para verificar se as reparações exigidas foram feitas.
Os Teló pediram desconto para o pagamento da multa, apresentaram o Prada e a defesa no MP, argumentando que “as áreas a recuperar representam 0,1% da propriedade e que possui preservada na íntegra a reserva legal, inclusive com aumento desta”.
As advogadas Vanessa Lopes e Denise Felício pediram que o procedimento no Ministério Público fosse arquivado. O promotor Luiz Antônio Freitas de Almeida, contudo, entendeu por bem manter a investigação em andamento, porque “não se arquiva inquérito civil em que haja dano ambiental sem formalização de TAC [Termo de Ajustamento de Conduta], ainda que tenha havido protocolo do Prada”.
Este ano, a Fazenda Esperança aderiu ao programa MS Mais Sustentável, que apoia iniciativas de recuperação de áreas desmatadas.