Com desabastecimento, Governo da Bolívia mira o contrabando de gás de cozinha para o lado brasileiro

Diario Corumbaense

Além da gasolina mais barata e encontrada facilmente de forma irregular para comercialização nas cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, que fazem fronteira com Corumbá, um outro produto vem chamando a atenção: o gás de cozinha.

Muitas pessoas, bolivianas e brasileiras, vêm contrabandeando o produto para Corumbá, onde pode ser adquirido a preço superior que é comercializado do lado boliviano. 

Hoje, um botijão de gás é vendido nas cidades de fronteira ao valor de 22,50 bolivianos, o que equivale a R$ 19,68, conforme a Agência Nacional de Hidrocarbonetos (ANH). No Brasil, o preço oficial varia, chegando a R$ 130,00 para retirada na revendedora e R$ 140,00 para entrega.

Com o alto valor no lado brasileiro, a procura pelo gás boliviano vem aumentando e contrabandistas chegam a faturar sete vezes mais com a venda do produto em Corumbá.

Reportagem da Unitel TV,  destaca que também há pessoas que se aproveitam no lado boliviano e vendem o gás acima do preço estabelecido pela ANH, chegando a ser encontrado por 40 a 50 bolivianos (entre R$ 34,99 e R$ 43,74), fora dos pontos autorizados, como em mercadinhos e barracas.

Governo promete rigor na fiscalização

Após constatar que botijões de gás liquefeito de petróleo (GLP), normalmente destinados à demanda interna, estão sendo contrabandeados para o Brasil, o vice-ministro da Luta Contra o Contrabando, Luis Amílcar Velásquez, afirmou que serão tomadas medidas para combater o ato ilícito. “Vamos atuar com firmeza contra o contrabando”, disse. 

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Moradores do lado boliviano enfrentando fila para comprar o gás de cozinhaVeículos com placas brasileiras chegam ao território boliviano para transportar os botijões de gás para Corumbá, segundo reportagem exibida pela Unitel. Essa situação preocupa os bolivianos dos municípios fronteiriços, pois nos últimos meses, a falta de gasolina e gás de cozinha vem sendo registrada na área de fronteira. Com o desabastecimento, moradores enfrentam longas filas para comprar o gás de cozinha. 

O vice-ministro disse que está sendo trabalhado o “Plano de Soberania”, que consiste na ativação de comandos operacionais estratégicos para combater o contrabando. Há ainda unidades atuando ao longo da fronteira. “Em Puerto Suárez, temos duas unidades, do Exército e da Marinha, que são responsáveis ​​pela fiscalização e também existem controles fixos e móveis”, disse.

Segundo as autoridades, no ano passado, seis pessoas foram presas por contrabando naquele País. 

Receita Federal

Do lado brasileiro, a Receita Federal informou que apreendeu 150 botijões de gás domiciliar vindos da Bolívia, em 2024. Destes, 85 somente nos últimos meses do ano passado, em Corumbá. Também foram apreendidos 15 mil litros de combustível contrabandeado. 

O órgão destacou que a prática ilegal tanto em território brasileiro como boliviano representa um comércio de milhões de reais e que com a chegada de novos servidores, a equipe de repressão está intensificando a fiscalização aduaneira.