Ainda não há confirmação se a onça deve retornar ao Pantanal, já que o animal deve ser encaminhado para estudos
Layane Costa, Lívia Bezerra – Midiamax
A onça que matou o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, na região conhecida como Pantanal do Touro Morto, em um pesqueiro, a 139 quilômetros de Campo Grande, deve ser capturada e transferida para a Capital. A informação foi confirmada em coletiva de imprensa no 1º BPMA (Batalhão de Polícia Militar Ambiental) na tarde desta quarta-feira (23) após o animal retornar ao local e revirar a casa de Jorge durante a madrugada.
Jorge teria sido visto pela última vez na madrugada de segunda-feira (21). Às 6h30 da manhã, um piloteiro foi até o pesqueiro onde ele morava e encontrou uma cena que indicava ataque de animal silvestre. Assim, a PMA (Polícia Militar Ambiental) foi acionada, bem como a Polícia Civil.
Entretanto, o pesqueiro foi ‘visitado’ mais uma vez pela onça na madrugada desta quarta-feira (23). Na ocasião, o cunhado de Jorge disse que o animal revirou a casa inteira. Assim, foram instaladas algumas armadilhas nas proximidades.
Segundo explicou o Secretário Adjunto da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Artur Falcette, 12 policiais da PMA estão na região onde ocorreu um ataque, acompanhados de um professor pesquisador de grandes mamíferos da UFMS).
No local, foram colocadas armadilhas para que a onça seja capturada ainda na madrugada desta quinta-feira (24). As armadilhas são feitas com um laço, uma espécie de corda, para facilitar o manuseio do animal após a captura, sem provocar estresse e machucados na onça.
“A gente ainda não teve sucesso nessa tentativa de captura. Mas é muito importante capturar esse animal para preencher algumas lacunas, especialmente para entendermos quais os motivos que pode ter levado ele [onça] a demonstrar esse comportamento tão atípico”, explicou o Adjunto da Semadesc.
Após a captura da onça, que as autoridades acreditam ser um macho adulto com peso entre 90 a 100 quilos, o animal será transferido para o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) de Campo Grande. Em seguida, uma equipe técnica fará as avaliações para confirmar se a onça é o animal envolvido no ataque ao caseiro, já que outras três onças foram vistas no entorno da residência de Jorge. Somente depois, a onça será encaminhada para instituições que estudam esse tipo de animal.

“Primeiro passo após capturar é o deslocamento para o Cras. Os veterinários vão fazer uma série de exames para confirmar, de fato, que foi o animal que estava envolvido no ataque. Dependendo das características que o animal apresentar no Cras, a equipe técnica irá definir para qual programa ele será encaminhado. Seria muito importante a gente fazer a captura desses animais para preencher as lacunas”, detalhou Artur.
Após esse encaminhamento para estudo, a própria instituição é quem decidirá o destino desse animal, podendo definir seu retorno ao Pantanal ou transferência para outro local.
Ataque que matou caseiro foi atípico
Durante a entrevista coletiva, o Coronel José Carlos Rodrigues, pontuou que os ataques de onças não são comuns. Segundo ele, foi um comportamento atípico. “Não é um comportamento normal, não tem relato de ataque de animais na área e esse foi o primeiro e evitar futuros novos ataques”, afirmou o Coronel.
Outro destaque feito durante a coletiva de imprensa é em relação a ‘ceva’ – que consiste em alimentar onças para que turistas possam fotografar.
As autoridades esclareceram que o pesqueiro onde ocorreu o ataque ao caseiro não será fechado, já que é uma propriedade particular. Porém, a orientação é que a população evite alimentar os animais.

Como o ataque ao caseiro repercutiu nacionalmente, diversas fotos e vídeos circulam pela internet. Por isso, essas imagens serão encaminhadas para perícia.
“Amanhã as câmeras de gravação do local, vídeos e fotos que mostram um pouco da lida do dia a dia desses animais seguirão para a perícia . Então, provavelmente nos próximos dias teremos os resultados da perícia”, finalizou Artur Falcette.
Possível dinâmica do ataque
A suspeita é de que a onça tenha aparecido na casa em que Jorge morava enquanto ele fazia café. O ataque teria ocorrido por volta das 5h30 de segunda-feira (21).
Amigos e parentes acreditam que Jorge se apavorou e tentou correr, mas foi cercado pelo animal no meio do deck que leva até as águas. Ali mesmo, a onça teria partido para cima do caseiro e arrastado seu corpo mata adentro, passando pelo rio.
Logo cedo, turistas foram até o local para comprar mel e se depararam com os vestígios no caminho. Muito sangue, vísceras e pegadas foram encontradas na área do ataque. “A onça comeu o caseiro”, comenta um dos populares em vídeo registrado pela manhã.
Após receber a denúncia, a Polícia Militar Ambiental deslocou um helicóptero até a área para tentar localizar o corpo e confirmar o ataque. As buscas foram encerradas após os restos mortais serem encontrados na manhã de terça-feira (22), um dia depois do desaparecimento do caseiro.
Jorge Ávalo era conhecido por ser amigável e prestativo
“Um amor de pessoa”, assim Jorge Ávalo, 60 anos, foi descrito pelo cunhado, Valmir Marques de Araújo, ao Jornal Midiamax. Nascido em Anastácio , Jorge era conhecido na região como uma pessoa amigável e prestativa.
O sepultamento de Jorge será nesta quarta-feira (23) no cemitério de Anastácio. Não haverá velório. “Somente irão se reunir com amigos no cemitério de Anastácio na hora do sepultamento”, explicou um familiar ao Jornal Midiamax.
