Ângela Kempfer – Campo Grande News em 27 de Maio de 2025
Nas redes sociais, João Augusto Borges, de 21 anos, era pai extremamente carinhoso, imagem que torna ainda mais difícil acreditar em tamanha brutalidade que o levou a matar bebê e a mãe da criança, estranguladas e carbonizadas.
Quase todas as publicações em seus perfis eram dedicadas à filha de 10 meses. Na apresentação, tanto de Facebook como Instagram, ele já se coloca como “pai” e nas fotos demonstra felicidade com a paternidade. Aparece beijando a bebê, em outras postagens faz declarações de amor e registros do crescimento da criança.
A menina ganhou todo o espaço que até então era preenchido por outra paixão: o Exército. João não escondia o desejo de ser militar e ostentava imagens uniformizado, dos tempos de serviço obrigatório.
A companheira, Vanessa Machado, de 23 anos, seguia o mesmo padrão, mas com uma paixão diferente além da filha: os animes. A jovem morava longe dos pais em Campo Grande e desde julho do ano passado vivia para a criança. A menina ganhou até perfil nas redes sociais, com 94 publicações, mais do que as do perfil da mãe.
Vanessa postava cada evolução da criança. A última foi dos primeiro passou, há uma semana, com apenas 10 meses de idade.

Pai na sala de parto, com a filha no colo e Vanessa ao fundoA pequena estava quase caminhando sozinha quando foi assassinada pelo pai na tarde de segunda-feira (26), ao lado da mãe. Em seguida, ele ateou fogo nos corpos e os abandonou em um matagal no bairro Indubrasil, na Capital.
O crime foi revelado horas depois, já nesta terça-feira (27), quando os corpos carbonizados foram encontrados por policiais militares após denúncia de incêndio em área de vegetação. Vanessa teria sido morta com um golpe de mata-leão, e a bebê, esganada. A polícia acredita que o local foi usado apenas para ocultar os corpos.
João trabalhava em uma distribuidora de bebidas. Fingiu estar preocupado com o sumiço das duas, foi até a polícia e acabou preso no momento em que registrava o desaparecimento das vítimas na 6ª Delegacia de Polícia Civil, no Jardim Tijuca.
A equipe da Delegacia de Homicídios já havia identificado indícios de sua participação e o rapaz acabou confessando o crime. Segundo ele, o motivo seria o desejo de encerrar o relacionamento e evitar o pagamento de pensão alimentícia.
Em vídeo que circula pelas redes, João diz que “cansou” do relacionamento e que não havia mais química com a companheira. Ao ser questionado por um policial sobre a motivação do crime, chega a citar “influência de uma mulher do trabalho”, mas nega que ela tenha incentivado os assassinatos.
O casal estava oficialmente junto até o momento do crime, sem registros recentes de rompimento, segundo familiares de Vanessa. Mesmo com uma suposta traição no final de 2023, ela teria optado por perdoar e continuar o relacionamento.
João foi preso enquanto registrava o desaparecimento das vítimas na 6ª Delegacia de Polícia Civil. Equipe da DHPP (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa) foi ao local e fez a captura.
Na gravação, o rapaz diz que estava cansado e não existia mais “química” entre ele e a companheira. “Eu cansei, sinceramente eu cansei do relacionamento e não queria pagar pensão”, disse.
Um policial interrompe e pergunta: “você matou sua filha para não pagar pensão?” e João rebate: “não foi para não pagar pensão, foi causa de influência de uma mulher do trabalho”. Novamente, o servidor questiona se essa pessoa pediu para ele matar a criança, mas o autor nega. O vídeo termina aos 39 segundos.
Prisão
O rapaz foi preso enquanto registrava o desaparecimento das vítimas na 6ª Delegacia de Polícia Civil, Bairro Jardim Tijuca, nesta manhã. Equipe da DHPP foi ao local e fez a captura. Ele confessou o crime, em primeiro momento, e relatou que seria para não pagar pensão alimentícia.
Em seguida, foi levado para a sede da especializada onde o caso é investigado e ele será ouvido. As primeiras informações são de que o rapaz confessou o crime e que o motivo é relacionado ao pagamento de pensão alimentícia.