Brigadistas do Prevfogo passam a integrar força-tarefa para afugentar onças em Corumbá

A partir de agora, brigadistas do Prevfogo/Ibama também integram a força-tarefa que atua na tentativa de afugentar as onças-pintadas que têm sido avistadas em residências e matas da área urbana de Corumbá. Ao lado de instituições, órgãos competentes e ONGs, os brigadistas ajudarão a realizar rondas diárias, em diferentes horários, nas chamadas áreas críticas, locais onde há registro de presença dos felinos.

A inclusão dos brigadistas foi anunciada durante uma reunião realizada nesta quarta-feira, 18 de junho, na sede do Ibama. O encontro reuniu representantes da Polícia Militar Ambiental (PMA), Fundação do Meio Ambiente do Pantanal, Ibama, Prevfogo, um pesquisador autônomo e o Instituto Homem Pantaneiro (IHP).

Além das rondas, outras ações estão previstas, como a instalação de repelentes luminosos e o aumento no número de câmeras de monitoramento em áreas como o Mirante da Capivara, a Cacimba da Saúde e a região da Agesa.

De acordo com Luka Gonçalves, analista ambiental do IHP, há possibilidade de duas onças-pintadas circulando pela região. “A gente tem uma imagem confirmada de um animal, com boa visualização lateral — usamos as manchas das onças para identificar cada indivíduo. Também há o registro de um possível segundo exemplar, embora ainda sem confirmação total. Ou seja, existe a possibilidade de dois felinos rondando essas áreas, que também apresentam diversos relatos”, explicou Luka, mencionando que a onça da Cacimba da Saúde é a mesma que tem sido vista na área da Agesa, enquanto o segundo provável animal é a que aparece no Mirante da Capivara.

Fabiane Gonçalves, representante do Ibama e responsável pela fauna no Mato Grosso do Sul, ressaltou que a situação tem gerado preocupação na população, mas explicou que esse tipo de ocorrência é comum nesta época do ano, durante a cheia do rio Paraguai, além de estar relacionada às consequências dos incêndios florestais registrados no ano passado.

“Com a escassez de presas, que não se recompõe tão rapidamente, os felinos acabam se aproximando do rio em busca de alimento. Antes de pensarmos em capturá-los, o que é muito difícil, especialmente com animais de vida livre, precisamos esgotar todas as alternativas para afugentá-los da área urbana, incentivando seu retorno à mata”, explicou Fabiane. Ela reforçou que o comportamento das onças não inclui enxergar seres humanos como presas, mas sim animais domésticos soltos, como cães e gatos, que se tornam alvos fáceis.

Participação dos brigadistas

A força-tarefa já conta com um plano de ação que será atualizado semanalmente. Fabiane explicou que, nesta fase, os participantes receberam atribuições específicas, incluindo a instalação de novas câmeras para acompanhar os deslocamentos dos animais com maior precisão. O Prevfogo inicia rondas em parceria com a PMA nesta quarta-feira.

“Estamos organizando os dados para, caso seja necessária uma captura, compreendermos o comportamento do animal. O objetivo principal é localizar e afugentar os felinos das áreas urbanas. Queremos provocar mais barulho e atividade nessas regiões, além de instalar os repelentes luminosos, o que trará uma nova dinâmica visual às comunidades”, disse.

Ela destacou ainda a importância da participação da população nesse processo.

“Vamos circular mais pelas áreas para tentar assustar os animais. E queremos que a comunidade entenda que também pode, com segurança e sem machucar os animais, colaborar para afastá-los. Não queremos que as pessoas se sintam presas dentro de casa, mas sim como parte ativa na solução, fazendo barulho, utilizando luzes, e aproveitando o fato de que temos maior cognição para agir em grupo e proteger nossas áreas”, reforçou.

Áreas limpas

Outro ponto abordado foi o descarte adequado de lixo, que pode atrair as onças em busca de alimento.

“A ação efetiva da comunidade é essencial. Conversei com especialistas e todos apontaram que é preciso eliminar qualquer fonte de alimento que possa atrair os felinos. Nada de carcaças ou lixo mal armazenado. Além disso, cães de pequeno porte são presas fáceis e precisam ser recolhidos em horários críticos, como à noite, madrugada e início da manhã. A partir do momento em que não houver alimento disponível, as onças vão embora. Elas nos veem como ameaça, e por isso defendemos estratégias como barulho e iluminação intensa”, alertou Fabiane.

Repelentes luminosos

Leonardo Cabral/Diário Corumbaense

Equipamentos piscam em quatro cores diferentes, em sequências variadas, o que tende a afastar os felinos, diz pesquisadorOs repelentes luminosos começam a ser instalados ainda nesta quarta, nos pontos onde as onças foram vistas ou tentaram capturar animais domésticos. A medida tem apoio do pesquisador voluntário Diego Passos Viana, que está auxiliando a força-tarefa.

“A Prefeitura já reforçou a iluminação pública em locais como o Mirante da Capivara. Agora, vamos instalar repelentes nas casas onde as onças passaram recentemente. Se um cão ainda está ali, há risco de o animal voltar. A instalação será feita com acompanhamento de um representante da comunidade, e a gestão ficará a cargo dos próprios moradores”, explicou Diego.

Os equipamentos piscam em quatro cores diferentes, em sequências variadas, o que tende a afastar os felinos. Diego destacou que, embora a medida não seja 100% eficaz, já foi testada com sucesso em 11 países e 185 propriedades.

“Existe publicação científica sobre esse método e outras estratégias similares. Em alguns casos, os animais não se mostraram sensíveis ao sistema, como em Miranda, mas, na maioria dos lugares, houve uma resposta positiva inicial. Essa é uma resposta rápida e pontual, que se soma a outras ações. Nenhuma estratégia isolada resolverá o problema, mas esta pode ajudar a espantar os animais com mais eficácia”, concluiu.

Reprodução

Uma onça foi vista perto da Agesa e a outra, no Mirante da Capivara