Bolívia também registra aumento de casos de coqueluche; quatro crianças morreram em 2025

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As autoridades de saúde da Bolívia continuam em estado de alerta diante do aumento de casos de sarampo e coqueluche no país. A situação preocupa especialmente o Departamento de Santa Cruz, distante pouco mais de 600 km da fronteira com Corumbá, no Brasil.

De acordo com o Serviço Departamental de Saúde (Sedes) de Santa Cruz, quatro crianças morreram neste ano em decorrência da coqueluche, sendo duas das mortes registradas na última semana – uma criança da cidade de Santa Cruz e outra do município de La Guardia.

“Essas crianças não foram vacinadas; esse é o fato que mais chama a atenção”, afirmou Jaime Bilbao, diretor do Sedes de Santa Cruz.

Desde janeiro, mais de 600 casos suspeitos de coqueluche foram notificados na Bolívia. Desses, 150 foram confirmados. Os dois óbitos mais recentes serão avaliados pelo Comitê Científico do Sedes nesta semana.

A coqueluche, também conhecida como tosse convulsa, é uma doença respiratória altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Em crianças pequenas, pode provocar complicações graves, como pneumonia e insuficiência respiratória.

A vacinação é a principal forma de prevenção. O Sedes reforça que o esquema vacinal inclui cinco doses, administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços aos 18 meses e aos 4 anos. A recomendação é que pais e responsáveis estejam atentos ao calendário vacinal das crianças.

“Para garantir que a criança esteja totalmente protegida e não corra risco de contrair a doença, são necessárias cinco doses”, explicou o diretor.

Sarampo: surtos se concentram em Santa Cruz e colônias menonitas

Além da coqueluche, o país enfrenta um surto de sarampo. Até esta segunda-feira (21), a Bolívia registrou 153 casos confirmados da doença, sendo 129 apenas no Departamento de Santa Cruz, segundo dados do Ministério da Saúde boliviano.

Os demais casos estão distribuídos nos seguintes departamentos: La Paz (11), Potosí (4), Beni (3), Chuquisaca (2), Cochabamba (2), Oruro (1) e Pando (1). Tarija permanece como o único departamento ainda livre da doença.

Um dos focos de maior preocupação é a disseminação do vírus em colônias menonitas, comunidades tradicionalmente resistentes à vacinação por motivos culturais e religiosos. O município de Charagua, por exemplo, confirmou o primeiro caso positivo de sarampo em uma comunidade menonita, além de outros cinco casos suspeitos em investigação.

“Esta comunidade menonita, infelizmente, devido aos seus costumes e tradições, está relutante em receber a vacinação”, lamentou Jaime Bilbao.

Equipes de saúde estão realizando ações de triagem intensiva, vacinação casa a casa e rastreamento de contatos nas comunidades afetadas. As ações se concentram nos municípios de Charagua, Pailón, Montero, San Ignacio de Velasco (comunidade de Santa Rosa de las Rocas) e Santa Cruz de la Sierra.

Segundo o Sedes, 83% dos casos confirmados de sarampo ocorreram em pessoas não vacinadas. Entre os infectados, 21 desenvolveram pneumonia, uma complicação associada à ausência de imunização.

Recesso escolar é oportunidade para vacinar

O Ministério da Saúde da Bolívia reforçou o apelo aos pais para que aproveitem o recesso escolar — prorrogado até o dia 28 de julho — e levem seus filhos aos postos de saúde. As vacinas contra sarampo (SR) e tríplice viral (MMR), aprovadas pela Organização Mundial da Saúde, estão sendo aplicadas gratuitamente em crianças de 1 ano até 14 anos, 11 meses e 29 dias.

O Brasil tem apoiado as ações do País vizinho e enviou no dia 12 de julho, 600 mil doses de vacina contra o sarampo para a campanha de imunização. 

Coqueluche e sarampo: conheça os sintomas e a prevenção

A coqueluche é uma infecção respiratória causada por bactéria, caracterizada por crises intensas de tosse, febre e dificuldade para respirar. Pode provocar vômitos e som de guincho na inspiração. É especialmente perigosa em bebês e crianças pequenas.

Já o sarampo é causado por um vírus e se manifesta por febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e manchas vermelhas na pele (exantema). Altamente contagioso, o vírus se espalha por gotículas respiratórias expelidas ao tossir, espirrar ou falar. Pode levar a complicações como pneumonia e encefalite.

Ambas as doenças são preveníveis com vacina.

Com informações do jornal El Deber