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Equipe de resgate do Corpo de Bombeiros foi acionada na manhã desta quinta-feira (07) para socorrer Valdinei da Silva Pereira, de 57 anos, que sofreu um ataque de onça-pintada nas proximidades do Mirante da Capivara, em Corumbá.
De acordo com informações da guarnição, a vítima foi encontrada na região de barranco próxima ao rio Paraguai com ferimento na testa, corte superficial no nariz, lesão no olho direito e fortes dores na região torácica.
O homem relatou que o ataque ocorreu na noite de quarta-feira (06) quando tentou defender seu cachorro do felino. Durante a tentativa, foi derrubado pela onça e sofreu os ferimentos. Segundo os bombeiros, havia grande quantidade de sangue nas imediações da residência. O cachorro foi levado pela onça.
Após os primeiros atendimentos no local, o morador foi encaminhado ao Pronto-Socorro Municipal para atendimento médico.
A reportagem apurou que ele não relatou o ataque à família e só na manhã desta quinta, parentes e vizinhos ficaram sabendo o que havia acontecido e chamaram os Bombeiros.
Presença de onça na área urbana
O avistamento de onça-pintada na área urbana vem ocorrendo desde 24 de março deste ano, a partir de comunicados que chegaram ao Instituto Homem Pantaneiro, via população e autoridades locais. O primeiro relato mencionou o avistamento na região da Cacimba da Saúde, área portuária da cidade.
Foram catalogados e averiguados pelo IHP relatos de avistamento de onças na região do Parque Municipal Marina Gattass; área da Agesa; na rodovia Ramão Gomes, perto do posto da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar Ambiental; perto do Canal do Tamengo e na região do Mirante da Capivara, onde a onça foi filmada por câmera de segurança no dia 23 de maio e afugentada por cães da residência quando ela tentava atacar uma cadela. Essa área é próxima do rio Paraguai, uma região de mata fechada e rica em fauna. Até então, não havia registro de ataque a pessoa e a suspeita é que seriam ao menos dois felinos avistados.
Equipes da Prefeitura de Corumbá, por meio da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal (FMAP), do Ibama/Prevfogo, da Polícia Militar Ambiental (PMA) e do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) iniciaram o Plano de Ação Interinstitucional, destinado ao manejo de onças avistadas em áreas próximas a residências e criações de animais. Foram colhidos relatos da comunidade, esclarecidas dúvidas e as orientações de segurança foram reforçadas.
Outra medida, foi a utilização de repelentes luminosos nos pontos onde as onças foram vistas ou tentaram capturar animais domésticos. Os equipamentos piscam em quatro cores diferentes, em sequências variadas, o que tende a afastar os felinos.
“O fato de o rio Paraguai ter elevação em seu nível em 2025, se comparado a 2024, o aumento de áreas inundadas nos campos é um fator que pode fazer com que essa espécie procure áreas mais altas. A cidade está localizada em região mais alta. Além disso, a possível presença de descarte incorreto de alimentos em regiões onde houve o avistamento de um animal é fator de alerta, pois isso pode atrair tanto a onça, como outras espécies de animais para próximo de áreas urbanas. Ainda existe o fator dos incêndios de 2024, que podem também ter interferido nos deslocamentos da onça-pintada para locais mais pertos da cidade”, explicou Sérgio Barreto, biólogo do IHP em entrevista no dia 30 de maio deste ano.
Em caso de emergências ou avistamento de animais silvestres, o IHP orienta que a pessoa que fez o avistamento faça contato pelos telefones (67) 3232-2469 e (67) 99266-4052 e comunique local/data/horário aproximado do avistamento. No caso de registro do animal, compartilhar as imagens com as autoridades.
Orientações básicas para segurança:
– Não se aproxime da onça. Evite qualquer tentativa de contato muito próximo, mesmo que o animal pareça calmo;
– Onças com filhotes ou carcaças podem ser mais agressivas. Redobre os cuidados nesses casos;
– Mantenha luzes externas acesas em locais com possível presença da espécie;
– Nunca alimente onças e não jogue resíduos orgânicos em locais onde houve o registro desses animais;
– Locais onde haja suspeita da “ceva” (oferta de alimentos para animais selvagens), prática considerada crime pela legislação ambiental, devem ser evitados porque trazem grande risco de conflito com as onças, bem como devem ser denunciados à Polícia Militar Ambiental;
– Verifique pelo caminho que estiver percorrendo a presença de pegadas. Se essas pegadas sinalizam serem frescas ou antigas, e evite andar sozinho nesses locais;
– Caso encontrar com uma onça no trajeto, evite a aproximação e tente manter a maior distância possível até que o animal saia do contato visual;
– Se você estiver frente a frente com uma onça, não se vire e não corra – esse comportamento pode remeter ao de uma presa e causar reação do animal;
– Ainda no caso de estar frente a frente com uma onça, mantenha contato visual e procure distanciar-se andando para trás sem movimentos bruscos;
– Depois que a onça sair do contato visual, procure evitar o trajeto ou, se precisar seguir adiante, espere algumas horas para percorre-lo, sempre com atenção ao caminho.