Monitoramento do rio Paraguai revela extremos inéditos na régua de Ladário

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O rio Paraguai mantém níveis relativamente estáveis no trecho entre Barra do Bugres (MT) e Porto Murtinho (MS), incluindo a estação de Ladário (MS), mas ainda abaixo da média histórica para esta época do ano, segundo o último Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai, divulgado na quarta-feira, 08 de outubro, pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Entre Ladário e Porto Murtinho, os registros estão abaixo do esperado em 60% a 80% do período histórico.

De acordo com o monitoramento do SGB, na região de Ladário, o rio Paraguai deve atingir 89 centímetros em 29 de outubro e 78 centímetros na primeira semana de novembro. Apesar da redução, os níveis permanecem dentro da chamada Zona de Normalidade.

Nesta quinta-feira, 09 de outubro, a régua centenária do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6º Distrito Naval da Marinha, em Ladário, registrou 1,38 metro, altura muito superior aos -0,60 metro observados na mesma data de 2024, mas ainda abaixo dos 2,29 metros anotados em 9 de outubro de 2023. O levantamento mostra que a marca atual é a segunda melhor dos últimos seis anos.

O comportamento do rio Paraguai entre 2020 e 2025 revelou extremos inéditos na série histórica iniciada em 1900 na estação ladarense. Em 2020, os níveis já estavam abaixo da média, mas a situação se agravou em 2021, com cotas ainda mais baixas, reflexo do déficit pluviométrico acumulado. O quadro tornou-se crítico em 2024, quando Ladário registrou -0,70 metro, superando o recorde negativo de -0,61 metro, de 1964. Apesar do valor negativo, a medição indica referência abaixo da cota zero local, usada para monitoramento, e não ausência de água.

A recuperação começou em dezembro de 2024, após chuvas acima da média nas principais estações da bacia. Em janeiro de 2025, o nível em Ladário já alcançava 1,30 metro, mantendo tendência de elevação até atingir 3,31 metros em 16 de julho, no pico da cheia. Para efeito de comparação, a maior cheia da história ocorreu em abril de 1988, com 6,64 metros. Considera-se cheia normal a variação entre 5 e 5,99 metros, enquanto volumes iguais ou superiores a 6 metros são classificados como grandes ou supercheias.

A régua de monitoramento do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6º Distrito Naval é referência para toda a planície pantaneira. Seu acompanhamento permite avaliar a situação hidrológica da bacia do Paraguai, que impacta diretamente a navegação, o ecossistema e a gestão de recursos hídricos da região.

Níveis do rio em 09 de outubro (m)

2020: -0,18

2021: -0,55

2022: 0,77

2023: 2,29

2024: -0,60

2025: 1,38